Rúben Neves a central é um desrespeito enorme para com o grande início de época de António Silva
A polémica está lançada na Seleção Nacional. Depois do triunfo sobre a Arménia, em que Rúben Neves foi utilizado como defesa central, a escolha repetiu-se no jogo seguinte. A decisão do selecionador de sacrificar um médio defensivo na linha de três defesas volta a gerar debate e, sobretudo, indignação entre os adeptos benfiquistas e analistas, que não compreendem como António Silva continua no banco apesar do seu excelente início de época ao serviço do Benfica.
António Silva tem sido um dos jogadores mais consistentes da temporada no futebol português. Seguro nas intervenções, rápido na antecipação e confiante na saída de bola, o jovem central encarnado soma atuações de grande nível na Liga e na Liga dos Campeões. Aos 21 anos, é já considerado uma das maiores promessas do futebol europeu na sua posição, despertando o interesse de gigantes internacionais. Ainda assim, no contexto da Seleção, tem visto o seu espaço reduzido por uma decisão técnica que o coloca atrás de Rúben Neves numa posição que, naturalmente, não lhe pertence.
O médio do Al-Hilal, habituado a atuar como trinco, até possui qualidades de posicionamento e leitura de jogo que podem ser úteis num setor defensivo. Porém, a insistência em adaptá-lo como central, em detrimento de um jogador formado especificamente para esse papel, levanta muitas questões. Para além de limitar a capacidade da equipa em transições rápidas — já que Neves não tem a mesma velocidade ou agressividade no duelo físico que um central de raiz — transmite também a sensação de desvalorização do trabalho que António Silva tem vindo a desenvolver.
Entre os adeptos, a perceção é clara: esta escolha representa um desrespeito para com um jogador que tem feito tudo para merecer a confiança do selecionador. António Silva não só tem mostrado maturidade em jogos de elevada exigência como também revelou liderança em campo, características raras para alguém da sua idade. O banco prolongado na Seleção contrasta com o protagonismo que já conquistou no Benfica, onde é peça essencial no eixo defensivo.
É certo que os treinadores procuram soluções táticas diferentes e que a versatilidade de Rúben Neves pode ser útil em determinados contextos. Contudo, insistir nesse esquema em jogos consecutivos, ignorando a boa forma de um central puro, soa a teimosia e a opções pouco fundamentadas. O risco é duplo: por um lado, a equipa nacional perde estabilidade defensiva; por outro, um jovem talento pode sentir-se injustiçado e desmotivado.
Se Portugal quer projetar o futuro com uma defesa sólida e preparada para os grandes palcos, António Silva precisa de ser integrado com minutos reais de jogo e não relegado a espectador privilegiado. A Seleção deve ser o reflexo dos melhores jogadores em cada posição, e não de adaptações que sacrificam a qualidade e o mérito.
No fundo, utilizar Rúben Neves como central é mais do que uma opção tática questionável: é uma afronta à temporada irrepreensível de António Silva. Um jovem que, jogo após jogo, prova que está pronto para assumir a titularidade também na Seleção Nacional….